Baruch Espinosa sobre verdade, liberdade, necessidade e coação

Nada que uma ideia falsa tem de positivo é suprimido pela presença do verdadeiro enquanto verdadeiro. O conhecimento verdadeiro do bem e do mal, enquanto verdadeiro, não pode refrear qualquer afeto; poderá refreá-lo apenas enquanto considerado como afeto. (Ética, parte 4, proposições 1 e 14)
 É livre o que é e age pela necessidade de sua natureza; coagido, o que está determinado por outro a existir e a agir de um dado modo. A liberdade não consiste num decreto, mas numa livre necessidade.  Então, nego em mim este pensamento: quero e não quero escrever. Mas reconheço a consciência de quem, sem qualquer dúvida, experimenta imaginar poder querer escrever ou não querer: na verdade,
quando ele imagina não querer escrever, não tem o poder de imaginar querer escrever; e quando imagina querer escrever, não tem o poder de imaginar não querer escrever. Quando as causas pelas quais foi levado a escrever o conduzem a fazê-lo sem coagi-lo, isso significa que na disposição de espírito em que se encontra, causas que em outro momento não teriam o poder de levá-lo a escrever por conflitarem com outras afecções, passam agora a ter poder suficiente quando se põe a escrever - não contra sua vontade, mas tendo, necessariamente, o desejo de escrever. (Argumento da Carta 58)
É absurdo dizer que o necessário e o livre sejam opostos. Isso é confundir a coerção, ou a violência, com a necessidade. Que um homem queira viver, amar, etc. não é efeito de um constrangimento e, no entanto, é necessário. (Carta 56)

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