Os cultos à Deus: ignorância das causas, utilitarismo, teleologia e ilusão de um governo da natureza

Os homens nascem ignorantes das causas das coisas e agem sempre em função de um fim, i.e., da coisa útil que apetecem. É por isso que só querem saber das finalidades. Como encontram não poucos meios para realizar o que lhes é útil, tais como os olhos para ver, vegetais e animais para comer, o sol para iluminar etc, são levados a considerar todas as coisas como se fossem meios para o uso. E por sa-berem que não foram eles que  dispuseram esses meios, creram existir alguém que os dispôs. Vendo as coisas como meios, pensam que não surgiram por seu próprio valor. Em vez disso, concluíram que havia um (ou mais) governante da natureza que providenciou esses meios. Imaginaram a inclinação desse governante com base nas suas, sustentando que os deuses governam todas as coisas em função do uso humano para que os homens fiquem subju-gados e prestem a máxima reverência. Assim, cada um criou diferentes cultos, para que Deus o considere mais que aos outros e governe toda a natureza em proveito de seu cego desejo e sua insaciável cobiça. (Ética I, Apêndice)



Nenhum comentário:

Postar um comentário